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terça-feira, 9 de setembro de 2014

Não se deixem morrer

Às minhas irmãs
Eu peço que não morram
E não se deixem morrer

Às minhas irmãs negras
Eu peço que não matem
Suas tranças, suas crenças
Seu Black Power
Peço que não se deixem
Morrer quando pedirem que se calem

Às minhas irmãs negras
Peço que não aceitem entrar no elevador de serviço
Peço que não aceitem como um favor
suas bolsas sobrevivência e sim como obrigação
dos brancos que lhe devem a vida
Perdida nos serviços braçais e nos postes de tortura
E eu lutarei com vocês

Às minhas irmãs trans
Eu imploro que não morram
Como tantas outras
Antes de conhecer a velhice
Antes de ter seus direitos concedidos
As minhas irmãs trans eu imploro
Que não se deixem morrer
Que não se apaguem e se matem
Por um deus inventado que dizem te amar
Mas não te aceitar
Às minhas irmãs eu imploro
Não se deixem morrer cortando
seus órgãos em casa

Que não se deixem morrer
Quando negarem seus nomes
Que não se deixem morrer quando te acharem
Menos humanas ou menos mulheres
E eu com certeza lutarei ao lado de vocês

Às irmãs oprimidas
Violentadas
Estupradas
Que ainda sobreviveram
Eu imploro que não se deixem morrer
Silenciadas por parceiros que tentam podar suas asas
Que não se deixem morrer pelos patrões e padrões
Que te moldam
Que não se deixem morrer cortando seus corpos
Cortando seus desejos
Cortando seus sonhos

À todas as irmãs eu somente imploro

Não sejam mortas e não se deixem morrer