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segunda-feira, 25 de agosto de 2014


REFLETIR

Duro, frio, gelado
Assustadoramente mente
Transparente mente
Mente Vidrou

Morno, quente, meu
Calado, assustadora.mente meu
Sou

Vi um lago transparente
Um alguém que nada sente
Vi um vidro indiferente
Com alguém que nada sente
Um alguém que não sou

Vi dentro do lago
Alguém um tanto bagunçado
Alguém um tanto recuado
Alguém um tanto nada que sou




Vi atrás do vidro
Uma pessoa esquisita
Segurando uma caixa na mão
Vi na outra mão dessa pessoa
Esquisita uma adaga, uma foice
E um canhão.

Vi no lago transparente
Que uma força muito quente
Estourou
Vi que aquela força
Poderia ultrapassar
Alguns limites do que um dia
Era lago e o que sou

Que agonia!
E que risco eu corria.
O bombardeio aumentava
Meu corpo respondia
A cada passo que eu dava
Enjôo, raiva e euforia




De tanto correr quase bati
No vidro diante de mim
Mas o homem que mora do outro lado
Com a caixa na mão hesitou
E me olhou
Durante quase uma hora ficou a me olhar
O olhar dele foi me dando raiva
A indiferença dele ali parado
A prepotência e a calmaria
 

Eu era um acumulo
De restos e destroços
Eu estava despedaçado
E o desgraçado do outro lado
Somente a me olhar.
Não se importou com meu sangue
Nem com as minhas feridas
Mas que maldito homicida
Apontou uma arma pra mim
Não pensou, não hesitou
Dessa vez só me olhou
E apontou a arma pra mim
Primeiro impacto, e então estilhaços
E o homem sumiu
Eu estava vivo
Intacto
E o homem sumiu
Aproximei-me do vidro
Que já não era transparente
Tinha um brilho metálico
E o mostro que me apontou a arma
Sem pensar nem se compadecer
Estava agora sentado
Destruído do outro lado
E com a arma na mão

A pessoa esquisita
que morava lá no lago
Sentou-se do outro lado
Banhou seu corpo despedaçado
E se desculpou

Duro, frio, gelado
Assustadoramente mente
Transparente mente
Mente Vidrei

Morno, quente, meu
Calado, assustadora.mente meu
Sou

Vi num lago transparente

Vi num vidro reluzente o que sou